ATIVIDADE ESPORTIVA EM TEMPOS DE ALTAS TEMPERATURAS
- Victor Tarini
- 8 de mar.
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de mar.
No dia 20 de março de 2025 encerra-se oficialmente o verão. Já o calor, não parece querer abandonar tão cedo o seu posto. As altas temperaturas não são exclusividade da época, mas fruto da soma de fatores causadores do tal aquecimento global. Dias ensolarados são extremamente motivantes para a prática de atividades esportivas ao ar livre, os parques ficam cheios, as ciclovias são mais visitadas e a exposição ao sol e às altas temperaturas são variáveis importantes a se considerar antes da tomada de decisão sobre “quanto tempo irá durar o seu treino”. Outro fator importante a ser levado em conta é o controle da temperatura corporal. Não, não se trata de ficar medindo a temperatura durante os exercícios, mas sim a forma como você se refresca.
Beber água somente pode não ser o suficiente quando se faz atividade esportiva sob altas temperaturas e por tempo prolongado, a água cumpre em nosso corpo diversos papéis (atuando) como solvente em reações químicas celulares, como veículo para as hemácias no sistema circulatório, assim como para as toxinas despejadas no sistema linfático para serem eliminadas pelos rins. Cerca de 56% da massa corporal é água e ao nos expormos a altas temperaturas por tempo prolongado podemos perder grande quantidade deste precioso elemento pela transpiração.
Somos seres “homeotérmicos” o que significa que a nossa temperatura corporal deve estar constantemente há (37º Célsius), independente do ponto geográfico (P. Ex. Deserto do Saara onde a temperatura pode chegar a 55º Célsius, ou na Sibéria, que no inverno pode registrar -72º Célsius), nosso centro termo regulatório hipotalâmico promoverá os ajustes fisiológicos para garantir que a temperatura corporal interna não se afaste dos 37º Celsius.
Sob calor intenso o corpo, que por si só já produz calor por conta do metabolismo energético, passa a receber calor de fontes externas (sol, asfalto quente, reflexos de estruturas a redor etc). A soma destas fontes de calor pode rapidamente levar o organismo a um quadro de estresse térmico conhecido como hipertermia, caracterizado pela falência do sistema termo regulatório em sustentar a temperatura dentro dos limites fisiológicos.
Nestas circunstâncias, a desidratação promove alterações sistêmicas como queda da pressão arterial, aumento da viscosidade do sangue (aumentando o risco de formação de coágulos), estreitamento da barreira entre o intestino e a circulação sanguínea (possibilitando a entrada de bactérias na corrente sanguínea, quadro conhecido como "sepse"), entre outras.
Então, o que devemos fazer para prevenir?
Hidratar é essencial, porém refrescar-se nestas circunstâncias vai além de simplesmente beber água ou isotônicos. Envolve molhar-se regularmente durante toda a prática esportiva. Ora, preste atenção nos atletas profissionais, a todo instante eles se molham abundantemente (cabeça, tronco e membros). No ciclismo, por exemplo pode se ver os atletas colocando pequenos “pacotes de gelo” preso dentro das “Jerseys” de ciclismo, pouco para baixo do pescoço, sobre a coluna vertebral (por onde passa a medula espinhal e todo o comando do sistema locomotor). A cada volta em provas de “cross-country olímpico” os atletas recebem de suas equipes garrafas d’água para (em movimento) borrifarem em seus corpos a fim de regular a temperatura.
Na prática, eu tive a oportunidade de participar junto com um grupo de amigos, de uma das provas de ultra Endurance mais duras do Moutain bike nacional, o Brasil Ride Bahia. Esta prova consiste em percorrer cerca de 600 quilômetros em 7 dias, cruzando parques, reservas florestais e fazendas, num terreno rústico e acidentado na maior parte do tempo, acumulando uma altimetria de quase 9000 metros, sob sol escaldante (e quando falo escaldante, quero dizer que em alguns dias a temperatura superou os 50º).
Para a nossa sorte, o percurso cruzava vários riachos e pequenos açudes. A todo instante nos molhávamos a fim de baixar a temperatura. A sensação é de recuperação total. É como se o sistema reiniciasse e, até que a temperatura subisse novamente nossas forças estavam bem.
A explicação para isso é simples, o processo celular de geração de energia depende da atividade de enzimas que são muito sensíveis a variações na temperatura. Quando a temperatura sobe, o ritmo da atividade enzimática cai drasticamente, por conta disso, a nossa capacidade de trabalho cai também.
Portanto, calor é coisa séria. Não dá para aceitar que só beber água vai ser suficiente quando a atividade esportiva acontece sob calor intenso e tempo prolongado.
Fica a dica! Molhar é essencial!
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Excelente professor. Obrigado!